quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Da Graça




Aparece gentil e tão honesta
Minha senhora quando nos saúda,
Que cada voz, tremendo, fica muda
E os olhos não ousam mesmo olhar.
 Vestida de humildade, lá vai ela,
Benignamente ouvindo-se louvar;
E dir-se-ia coisa de espantar
Vindo do céu à terra, num milagre.

Tão agradável surge a quem a vê
Que pelos olhos dá ao coração
Dulçor para entender, de conhecer.
Dos seus lábios parece que desliza
Um sopro de amorosa suavidade
Que vai dizendo à alma, tu, suspira!

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

A. W. B.



Sois vós senhora que por minha mão escreve
Aninhada no meu ombro e pela calada,
Me em doce e suave ternura mata,
Em ausência de fulgor e tempo breve.

Sois bem mais do que pede a vida,
Alegria que Deus aos Deuses não concede,
Ó!! Beleza e calor que afugenta a sede,
Gentil nobreza que não me é devida.

Da dor e da alegria vou morrendo,
A dor desperta, pois a alegria o sente,
Da alegria, nasce a dor que não mente,
Da alegria e da dor vou vivendo.


quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Do Desconhecido















Bem vindo Sr. Infante!
Porque deitaste a porta abaixo?
Não falas? Ah! Sim... é essa a própria definição de Infante.
Simplesmente, não falas!
Apenas te desconhecemos!
Será que o desconhecido se conhece a si mesmo?
Serias então, verdadeiramente desconhecido?
Sois o dono do tudo e do nada! O que desconhecemos!
E tento eu te conhecer!
Mas ouve-me Infante... que posso eu fazer?
Conhecer o que já conhecia?
Em desconhecimento, estou ligado a ti!
E porquê? Pois muito bem... desconheço!
E desconhecer... o que quer dizer? Eu! Desconheço!
Mas estou ligado... mas o que é estar ligado?
Porque sinto?
Mas o que é sentir?
Como vês infante, estamos ligados até ao fim em desconhecimento.
Que maravilha Infante! Não é?
E tu... continuas sem falar...
Se corro ou paro na vida porque tu mandas... o desconheço!
Ás vezes chego a pensar que tu te desconheces!

Sabes... gostaria de fazer bem a alguém!
Isto do "gostar" que eu desconheço, é engraçado!
E o bem? Que vaidade! Fazer bem! Esta é boa!
E do engraçado e do vaidoso... a ambos desconheço-os!
No entanto, desconheço porque aqui estás!
Terás vindo de um lugar desconhecido?
Apenas para nós humanos te podermos desconhecer?
Que polido que és!
Embora eu desconheça o que és!
Isto está a tornar-se interessante,
e não sei porquê... vê lá tu?!
Giro não é?
Oooops! Mas o que é "giro"?
Sabes o que eu te digo?
Sabemos que desconhecemos, desconhecendo o conhecido!
Que tal? Estou pronto para a medalha André Breton?
Que podemos nós falar?
Do teu irmão... o conhecido?
Acredita! Conhecesse-mos nós e....





terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Da Tristeza

Se te preocupares um dia em defini-la... toma o teu tempo!
Ela não se vai embora!
Nunca partiu e nunca chegou... não se vai embora!
Apenas te observa sorrindo enquanto dás atenção à alegria!
Espera... espera... espera... no seu trono de mármore.
Aguarda pela tua humilde visita,
e com um sorriso nos lábios te encara de frente.
Como se te dissesse:
-“O bom filho à casa retorna”!
Pessoa, confundiu-a com um dos seus primos... o cansaço!  
Que bem aventurado! Que doce ilusão!
A bendita ilusão apiedou-se dele e transformou a figura dela.  
Mas… à sua frente... ouvindo-a com atenção...
Ela diz-nos:

“Parabéns! Poucos são aqueles que me encaram de frente!
Poucos são aqueles que me encaram sem a companhia da solidão,
essa ama seca!
Agora... apenas tu e eu!
Como vês.. sou como a minha irmã... a alegria... INFINITA!
Dessa infinidade que se ri do tempo!
Se buscas o meu fim... não encontrarás... pois buscas a ilusão em vez de mim!
Repito-te! Assim como Deus... sim... sou infinita!
Os pacóvios dizem que mato!
Como se eu ligasse à vida ou à morte!
Arrogante pensas tu? Então testa-me!
Espalha alegria à tua volta e olha para ti.
Que triste que és!
Patético eu diria!
Ilusão... ilusão... ilusão...
Tal como a alegria de Deus, eu estou sempre presente!
Humilde... sem rosto. Embora tu vejas o meu sorriso!
Sou a Senhora dos enganos.. pois se me chamam solidão...
eu rio!
Chamam-me náusea...
e eu danço!
Chamam-me dor...
e eu rodopio!

Poucos são aqueles que me olharam de frente!
Observas-me... ficas-te... pairas...
Não é verdade?
Onde está o céu e a terra agora?
Pois... na minha fazenda, as ninharias não têm entrada!
Não existem aqui, nem céu... nem terra...
não existem aqui, nem choro... nem lágrimas....
Apenas cá estou eu... humilde... na espera por boa companhia.
Hoje, estás tu à minha frente... é triste!
Amanhã, à minha frente estarás... que triste!
E fazes-me companhia... não é triste?
Nem mundo nem Deus!
Nem amor nem ódio!
Apenas eu... apenas eu... apenas eu....
Mas podes ficar triste... pois só assim fazer-me-às companhia!
Sabes já quantos o fizeram?
Bem menos do que tu possas imaginar!
Repara! Vê-los a chorar... a gritar!
Olha para a sua dor! Confundem-me com a dor!
Ah! Ah! Ah! Pobres coitados!
Dizem que estão tristes!
São como aquele que grita por ajuda com os pés colocados num charco!

Estás à minha frente!
E agora?
Como já somos íntimos... responde-me!
Onde vais? Em que direcção?
Em mim não existem nem céu nem terra...
não caminhas, nem te elevas...
não vives... nem morres!
Apenas me tens à tua frente!
Nem amada... nem odiada!
Nem bela... nem feia!
Estou apenas e sempre... à tua frente!

Escreves sobre mim... que triste!
Ah! Ah! Ah! É ridículo escrever sobre mim!
Julgas que te entenderão?
Julgas que ficarão tristes?
Ouve o que eu te digo!
Pouquíssimos me conheceram!
Ao ler as tuas palavras sentirão emoção...
isto, para além da nossa amiga compaixão.
Dir-te-ão a sua interpretação. Sim! Porque um homem tem direito à opinião!
Ah! Ah! Ah!
Relatar-te-ão histórias da sua vida, em que pensam que me conheceram.
Confundem-me com tudo!
Simplesmente... não sabem quem eu sou!

Estás à minha frente!
E agora?
Onde está a tua vontade de viver ou morrer?
Vida e morte, não são mais que NADA ao pé de mim!
Ouve-me bem! EU! SOU A TRISTEZA!
Podia-te chamar filho... mas para quê!
Tu estás à minha frente... e agora"?