domingo, 23 de dezembro de 2012

É verdadeiro, completo, claro e certo! O que está em cima é como o que está em baixo, e o que está em baixo é como o que está em cima. Para realizar os milagres de uma única coisa. Abençoado de ti que descobriste o enigma.



Conversas Intermináveis



- Quem está aí?

LV - Sou eu rapaz, tem lá calma!

- Luís Vaz!!!! Não sabes o quanto contente estou por te rever!

LV - Eu sei! Por isso é que vim. E claro, aproveito também para beber umas branquinhas.

- Não podes imaginar o quanto estava a precisar de ti!

LV- Porquê? Tudo o que podia fazer por ti já o fiz! Sabes isso, não sabes?

- Claro que sei! Mas necessito de alguém com quem possa falar em verdade.

Fiéis do Amor
LV - Porquê? Tens outra maneira em que possas falar? As tuas palavras, como se diz hoje, têm o disco formatado na verdade. Podes tentar mudar de disco, o que me iria divertir muito!

- Esquece agora isso e ouve... ENCONTREI-A LUÍS!!!

LV - É lá! Não me digas?! E eu que não sabia! E nem é por isso que aqui estou! Então diz-me lá moço, e que tal?

- É devastador!!!

LV - Não me digas que após tanto esforço e asneiras não gostaste de rever a Índia?

- Ela está linda!!!!!!!!!!!

LV - A sério? Deixa-me ver se adivinho. Ela está muito mais bela do que a primeira vez que tu a viste. Sentes-te desleal e infiel, porque após teres andado tantos anos com uma imagem na tua moleirinha, imediatamente a trocaste por uma nova e, com aquele contra-censo, onde a imagem da mais antiga é que é a recauchutada. Acertei?

- Gaita! Como é que tu sabias?

LV - Deixei de te acompanhar à sete anos rapaz! Deixei-te nas mãos dela! Deixei-te, porque já não tinha mais nada para te ensinar, a partir dali, apenas ela podia fazer algo por ti. Lembras-te da obra do Alighieri?
Estás tão perdido que dá dó! Bem... façamos então umas perguntinhas. Dentro de ti, o que é que ela te dizia?

- Bem... de facto... ela sempre me disse que eu a encontraria muito mais bela do que antes.

LV - E tu, com a tua lógica de pacotilha não a ouviste... não foi?

- Não exageres! Claro que a ouvi! Como poderia não ouvir!? Mas era demasiado bom para ser verdade.

LV -. E ela é o quê?! Não suficientemente boa para ser verdade? Escreves frases bombásticas como – Os homens agem na vida como se o amor não existisse – ou – a grande diferença entre verdade e ciência -, mas quando ela te diz, que no mundo a vais encontrar muito mais bela, tu achas que pode não ser verdade.

- A beleza dela baralhou-me Luís... não sei o que dizer! Eu sei que ela não me mente... mas a verdade é tão incrível!
Mas diz-me Luís, quando viste Natércia passado anos, o que é que fizeste?

LV – Burrice como é óbvio! Ajoelhei-me à sua frente, e como se ela fosse uma Deusa, pedi-lhe perdão.

- A sério??

LV – Ai não!

- Mas??????????

LV – Porque só depois é que dei conta, que a palavra perdão é tão pequenina, que naquele contexto fica noutra orbe distante. A minha imagem de joelhos... bem... essa então nem tenho palavras! Como se alguma vez um homem que se coloque de joelhos à frente da sua amada, possa passar a ter algum crédito por causa disso!

- E o que é que ela fez?

LV – Arrasou-me! Baixou os olhos e chorou! E o que é que fez a tua amada?

- Baixou os olhos e chorou!

LV - Vês?! Toma e embrulha!

- Comigo pode ter sido mais complicado, é que eu apenas a vi em fotografia. Para além de ser linda de morrer, devastou-me o seu olhar. Foi como se eu visse os trinta anos das minhas asneiras no seu semblante e... a nobreza... aquela nobreza no olhar... com esse mesmo olhar, confirmou-me todos os meus receios, confirmou-me tudo o que eu mais temia. Vê-se que teve muitos anos de sofrimento, mas o seu olhar continua nobre, o seu olhar apresenta-se como se ela... humilde e docemente aceitasse, todos os sacrifícios que a sua vida lhe provocou e provocará. Quando vi aquele olhar, apenas não colapsei, porque dentro de mim ela não deixou. É desorientador!
Apenas o que me fez rir, foi noutra fotografia, ter revisitado o seu ar sério e austero. Para quem não a conheça, fica em sentido como se estivesse à frente de Leónidas.

LV – Humm! Séria...!? Austera...!? Leónidas...!? Relembra-me, como é que se chamava o Presidente para a Europa, daquela empresa onde tu trabalhaste?!

- Qual delas?

LV – Aquela que o presidente era um Italo-americano.

- Áhhh! O Pascoal Giordano?!

LV – Exactamente! Esse mesmo! Diz-me...., o que é que ele te pediu para fazer, quando o novo vice presidente da IBM se foi apresentar lá na vossa chafarica nos Alpes.

- Bem... pediu-me... para ficar atrás dele quando o maduro chegasse!

LV – E porque é que era necessário isso?

- Porque... bem... ahhh... porque..., quando nós os dois estávamos lado a lado, as pessoas tendiam a dirigir-se a mim como se fosse eu o presidente!

LV – E como é óbvio, as pessoas faziam isso, porque tu colocavas uma carinha larocas, não é?! Ó meu “Leonidas-casse-trogne?!

- Certo! Mas estás-me a querer dizer o quê?

LV – Donde te vem esse ar austero que tu colocas!? De fora ou de dentro!? Só encontras nela, o que nela há em ti. Só viste a nobreza do seu olhar , porque ela vive em ti! Um tecnocrata ao olhar para ela, vê se ela é jeitosa ou não. Se ela é jeitosa para ti, é porque essa jeitosice vive em ti! Percebeste jeitoso!?

- Então... deve ser por causa disso, que eu gostaria de passar a minha vida na praia. Ela também gosta...!

LV – Não...! Ilusão tua!

- Estou habituado, a saber o que ela me faz sentir em relação ao que me rodeia. Sobre esses pormenores, eu nem me tinha lembrado que poderiam acontecer! Mas o oposto também pode acontecer!?

LV - Como é óbvio, vocês são sexos opostos. Haverá situações, onde os opostos não serão ligados pela semelhança, mas pelo espírito!  
Bem! Mais uma branquinha! Tenho a garganta mais seca que o coração de um banqueiro!

- Estou muito impressionado com outra coisa Luís!

LV – Coisas é comigo! Por falar nisso, mais uma branquinha!

- Ela estava à espera de mim! Bem! Não exactamente de mim, ela não sabia quem era em particular! Estava à espera de alguém!

LV – Isso é sempre verdade! Mas como sabes isso?

- Psicanálise! As duas primeiras mensagens de retorno dela assim o indicam.

LV – Essa da psicanálise foi brilhante! Como que sem a passagem da filologia à filosofia, o homem pudesse saber fosse o que fosse!
Bem! Não preciso de te perguntar, o que é que ela dentro de ti dizia, pois não?

- Claro que não! Mais ainda! Aqui à uns anos atrás, em alguns outonos, tive alturas em que sentia como uma espécie de chamamento em aflição por parte dela. Embora isso também tivesse acontecido noutras alturas do ano.
Não crio teorias da conspiração Luís, sei que se eu a busco, é porque ela me aguarda. Se eu tenho necessidade de a encontrar, é porque ela tem necessidade de ser encontrada. O que me espantou, é que tudo isto aconteceu por intermédio de mensagens electrónicas, onde ninguém tem acesso às expressões faciais uns dos outros. Como é que ela sentiu que havia algo naquelas perguntas tão simples que fiz.

LV – Deus colocou-ta em ti! Não tentes ser Deus! Dá mau resultado! Há questões para as quais, nenhum homem ou mulher terá respostas. É por isso que Deus é bom! Sem mistério, nunca haveria espanto, sem o espanto, não haveria o prazer do amor.
Upa! Upa! Esta branquinha é mesmo boa!
Chegaste não foi?! Não tens um cavalo branco, mas pelo menos, calças botas alentejanas, o que para os dias que correm, não está nada mal.  Fizeste o que tinhas que fazer ou não? 

- Sim! Fiz!

LV – Então... agora é com Deus!
A conversa foi curta mas boa! E agora deixa-me dormir, pois sinto as minhas tripas em vinha d'alhos.



domingo, 4 de novembro de 2012

Uma fabulosa fotografa Luso Canadiana

Andrea Lee Fonseca nasceu em Toronto no Canadá, filha de pai canadiano e mãe portuguesa.
Para uma luso-portuguesa que se expressa pouquíssimo na língua de origem da sua progenitora, Andrea, embora provavelmente sem o saber, de forma misteriosa, traz-nos por intermédio da arte de fotografar uma das mais belas e sublimes formas de lusitanidade que temos contemplado ultimamente.
Sem talvez nunca ter sabido que o território que é hoje Portugal, foi apelidado pelos gregos do primeiro milénio antes de Cristo de ophiussa, ou terra das serpentes (devido ao culto da serpente que seus habitantes veneravam, culto este, dedicado desde o alvor da humanidade à Deusa Mãe Terra), exibe esta no seu portfólio, um reduzido mas excelente conjunto de fotografias onde com magnifica sensibilidade lusitana, nos dá o prazer de revisitar essa relação tão intrínseca entre a mulher e a natureza - beleza da mulher e a beleza natural. Relação esta, consubstanciada em algumas das suas fotografias, onde a mulher é abraçada e absorvida por luxuriante vegetação e, noutras,  como por milagre, o movimento feminino é captado pela câmara de forma irradiante, espalhando-se e fornecendo vida ao imobilismo circundante.

Mais é de espantar, que no seu sítio internetino, na zona do perfil, Andrea dá-nos a conhecer a sua admiração pelo biólogo, teorista e conservacionista Edward O. Wilson.
Para quem desconhece a obra deste cientista, bastará uma curta visita à Wikipédia e logo lhe surgirá dois registos de notável informação:

"The evolutionary epic," Wilson wrote in his book On Human Nature, "is probably the best myth we will ever have." Wilson's intended usage of the word "myth" does not denote falsehood - rather, a grand narrative that provides people with placement in time—a meaningful placement that celebrates extraordinary moments of shared heritage. Wilson was not the first to use the term, but his fame prompted its usage as the morphed phrase epic of evolution".

Edward O. Wilson
Human beings must have an epic, a sublime account of how the world was created and how humanity became part of it ... Religious epics satisfy another primal need. They confirm we are part of something greater than ourselves (...) The way to achieve our epic that unites human spirituality, instead of cleave it, it is to compose it from the best empirical knowledge that science and history can provide.”

e ainda como comentário:

Cosmologist Brian Swimme concludes in a 1997 interview

I think that what E. O. Wilson is trying to suggest is that to be fully human, a person has to see that life has a heroic dimension (...) I think for the scientist, and for other people, it's a question of "is the universe valuable? Is it sacred? Is it holy? Or is the human agenda all that matters?" I just don't think we're that stupid to continue in a way that continues to destroy. I'm hopeful that the Epic of Evolution will be yet another strategy in our culture that will lead our consciousness out of a very tight, human-centered materialism”.

Não será necessário ler estes pequenos trechos de informação com extrema atenção, para denotarmos que o E. O. Wilson proclama, não é mais do que Leonardo Coimbra, Agostinho da Silva, António Quadros, Dalila P. da Costa e a esmagadora maioria de filósofos e pensadores livres ligados ao que ficou conhecido como o movimento da filosofia portuguesa, sempre defenderam durante todo o séc. XX, com continuação por outros no XXI. Movimento filosófico este, ainda hoje negado de modo bafiento por sinistros e obscuros neo-mecanicistas nacionais. 

Nos nossos dias, os menos avisados, continuam a dar-nos pateticamente razões científicas para a impossibilidade da ocorrência do milagre de Ourique e outros , confundindo puerilmente, a diferença existente entre ciência e verdade, entre ideologia e crença e seu distinto movimento. Mas este assunto ficará para uma outra altura..  

Explicando o que é a xenophilia em suas palavras, diz-nos Andrea:

"Xenophilia, love of what is foreign, is an exploration of our place in nature and the mixed messages we are exposed to about our separateness and unity with the natural world. Through a journey, from belonging, to awareness of difference, to reintegration, this series concludes that we can only be what we are in relation to how we define what we are a part of".


mais ainda

"We belong to the natural world. From our inflated sense of having arrived at some pinnacle of evolution, we have lost the sense of belonging that is our biological heritage. We have accepted this false separation and have been wrenched from the forest. Yet all of life is part of us. We cannot be separated and it is only upon our return to this place that we can recapture this truth of belonging to something, everything, and become part of a much greater world".

Embora escrito em inglês, mas de forma tão lusitana no feminino, esta luso-canadiana transporta na sua relação com a arte de fotografar e na sua visão cósmica do mundo, essa mesma relação que podemos ler nas obras da saudosa e recentemente falecida Dalila Pereira da Costa por intermédio da palavra. Essa relação una,  inconsútil da mulher lusitana com a terra. Tendo como paralelo no masculino, o conhece-te a ti mesmo, proclamado desde tempos imemoriais e abraçado pelos filósofos desde o séc. VIII ac. Preceito este, infelizmente quebrado em Portugal de forma extemporânea por Marquês de Pombal e Padre Luis A. Verney no séc. XVIII, que obteve como devastador resultado, a imitação em termos totalitários por parte dos portugueses, desse comportamento macaqueador face a toda e qualquer moda ou ideologia estrangeira.

Estamos pois face a uma fotografa luso descendente, e também perante uma fascinante descoberta. Sobretudo se tivermos em atenção que a tendência de ordenação religiosa em terras canadianas tal como nas dos Estados Unidos, não se predica no culto da Deusa Mãe, mas sim no que um cristão apelidaria de Espírito Santo. Tendência esta, bem manifestada no culto e na comiseração face ao divino por parte dos povos autóctones, onde embora dado a conhecer por intermédio do feminino, este apenas possui uma importância provedora, pois toda a espiritualidade das tribos índias é dirigida ao grande Manitu, o grande espírito que relaciona em perfeição os céus com a terra tornando-os uno: - Avô, Grande Espírito. Não há outro a quem rezamos. Vós mesmo e tudo o que vedes foi por Vós criado (Alce Negro).
Não será também por outro motivo, que se verifica uma desorientação religiosa tão notável nos povos imigrantes que compõe a população norte americana, e como tal, a sua gorgonina e destrutiva atitude face à natureza propulsionada ainda hoje pelos escritos de Locke (hoje, com corrupta mistura do idealismo alemão).

O que consideramos como mais notável no trabalho desta artista, é o credível e honesto espírito que relaciona pensamento e movimento. Defendendo o pensamento epopeico de E. O. Wilson, Andrea coloca um movimento nas suas imagens que para qualquer homem possuidor do peito ilustre lusitano, facilmente relacionará não só a figura feminina como a paisagem luxuriante, com as ondinas (de carne e osso) e a ilha dos amores camoniana.
Digno de registo é também, a diferença existente entre o espírito epopeico onde esta artista nasceu e cresceu e o lusitano.
Esmagadormente influenciado pelos Estados Unidos da América, o espírito epopeico canadiano baseia-se em grande medida no do seu hercúleo vizinho.
Melville diz-nos no seu Moby Dick, que o homem vai atrás do mal. E com o quê? Com o que é Mal! Destroem-se ambos no mal, ficando no final o quê? O mal!
Por outro lado, na epopeia lusitana, Camões diz-nos que homem que é homem, aquele que possui o peito ilustre lusitano, vai até ao cabo do mundo. Depois do adamastino reconhecimento de si próprio, prossegue sua problemática viagem já não a descer mas subindo em direcção à Índia. Diz-nos ainda o vate lusitano, que já depois de terem levantado ancora da Índia, os nautas encontraram de forma misteriosa a Ilha dos Amores.
Resumindo, homem que é homem terá que ir à Índia (Dos fracos não reza a história). Existe a ilha dos amores é certo. Mas isso... são negócios de Deus.
Ao observarmos as fotografias de Andrea, verificamos com doce e matrimonial emoção, que esta exprimiu por intermédio de sua arte, esse divino e puro receptáculo arquetipal tão nobremente exposto pelos poetas e filósofos lusos.

A sociedade canadiana, possui alguns pontos em comum com a portuguesa, pois tanto numa como noutra, predomina o consumismo estimulado por entidades financeiras. No entanto, sendo portuguesa apenas pelo lado materno, não tendo grande informação da mais alta cultura do país de sua mãe, não possui conhecimento também de parte substancial dos mitos e crenças negativistas que assolam hoje o nosso País e, que impossibilitam outras artistas de expressarem a sua mais profunda lusitanidade no feminino com esta beleza, procedendo sim, à imitação de movimentos culturais estrangeiros, muitos deles de intelectualidade duvidosa.  


Destarte, ao ligar sua alma à arte, esta fabulosa artista demonstra a um País, que por muita destruição que possa acontecer, por mais vermesinos ataques que positivistas, tecnocratas e mecanocratas façam à sua própria Pátria, ela vive e viverá onde estiver um português ou seus descendentes. Porque a Pátria é misteriosa... e Eterna.  

Obrigado Andrea


www.andrealeefonseca.com

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A Galheta de Deus (contraposição à Queda em Deus de Bruno)


Quando um homem nasce, Deus faz com que nasça uma linda menina com ele. Ao crescer, na busca de algo, o homem acelera pelo mundo na missão de encontrar esse mesmo algo que lhe falta.
Deus, cansado e incomodado por vê-lo a correr em desespero como um tonto, chama os Deuses e diz-lhes: - Juntem-se uns aos outros e formem uma parede invisível.
De seguida, chama o tresloucado e celelípede indigente com o apetitoso apelo: -Vem cá moço, quero-te dar um trabalho onde se ganha muito e se trabalha pouco.

Ou ouvir este apelo, o guloso golem, dirige-se freneticamente para o local de onde este surgiu.
Deus, escondido, espera que este chegue na sua voluntariosa correria. Ao passar por Deus, este salta do seu esconderijo e pela traseira, desfere-lhe uma valente galheta, que faz com que o homem devido ao omnisciente e omnipotente impacto se espete na parede invisível dos deuses.
Nesse momento os deuses tornam-se visíveis e, na confusão, a menina que existe dentro do homem aparece-lhe de frente.
Nesse momento, o homem apercebe-se que a imagem daquilo que ele buscava na vida, nunca deixou de estar com ele.

Deus, na sua ilimitada misericórdia, apieda-se dos homens porque: - Uma parte deles o merecem devido ao trabalho que executam no mundo. A outros, devido a uma disciplina correcta com que procedem na vida. A outros ainda, porque já está farto deles.

Pátria


Ao redor, não és mais que lamento,
Ninfa esquecida que a tristeza chora,
Liberdade que tarda mais que a demora,
Alma sozinha perdida no momento.

Em meu coração és harmonia pura,
És verbo vivo e canto de beleza,
Paladina, fera inimiga da aspereza,
Doçura alva de santa ternura.

De divina foste sempre apelidada,
Espírito dos que amam sem tempo
Sopro que corre para além do vento
Tesouro dos pobres porque és dada.

Da Filosofia


A filosofia, não é mais que a imagem do que é. Assim, facilmente se depreenderá que não fará qualquer sentido referirmos-nos à imagem do que é, sem o que é. No mesmo raciocínio nos parece claro, que o que é sem uma relação formal e heróica com a sua imagem, já não se poderia chamar Ser, mas sim a sua própria negação, o que repugna.
Quanto ao filósofo, e em termos populares, inequivocamente, este será aquele que deseja a filosofia.
Obviamente, não deseja a filosofia para a possuir, a menos que seja para efeitos saturninos de celebração da ilusão. O filósofo deseja a filosofia, para sentir o sublime prazer de lhe fazer companhia.